Um grupo de supostos empresários, profissionais liberais e apoiadores do governo Bolsonaro pretende realizar, na manhã deste domingo (29), uma carreata para defender a reabertura irrestrita do comércio em São Luís e nas demais cidades do Maranhão, estado onde estão vigorando medidas de isolamento social para frear a transmissão do coronavírus.
O ponto de concentração da carreata, marcada para as 10h, é a Lagoa da Jansen, situada num bairro nobre da capital maranhense. Eventos como esse têm sido rechaçados pela população em várias cidades, especialmente na região Nordeste. Em alguns locais, as caravanas dos carros de alto padrão em defesa da posição de Bolsonaro estão sendo apelidadas de “carreatas da morte”.
Nos conteúdos publicados no grupo de WhatsApp denominado “UNIDOS PELO BRASIL”, alguns com nítida produção de designers profissionais, os organizadores da carreata “O Brasil não pode parar” cobram a “revogação imediata” do decreto 35.677/2020, no qual estão as regras que estabelecem o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.
Na sexta-feira (27), o juiz Douglas de Melo Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, a pedido do Ministério Público estadual, emitiu decisão que proíbe a realização de uma carreata prevista para a segunda-feira (30).
Na sentença, o magistrado ressaltou a validade do decreto que suspende “atividades que possibilitem a grande aglomeração de pessoas em espaços públicos” e ressalta que as medidas são “as mais adequadas para o momento e têm a finalidade de retardar o crescimento da curva de disseminação do vírus”. Confira a íntegra da decisão AQUI.
Organização
Os organizadores do evento estão divididos em pelo menos dois grupos de Whatsapp e o RogerioTomaz.Com obteve acesso ao conteúdo de um desses grupos do aplicativo de conversas que é o principal espaço de militância do bolsonarismo e o mais eficiente disseminador de notícias falsas da extrema-direita no Brasil.
Desde o dia 16 de março o Maranhão enfrenta medidas de restrição da circulação de pessoas e de funcionamento de estabelecimentos comerciais, suspensão de aulas e de eventos públicos, entre outras determinações do governador Flávio Dino (PCdoB) que contrariam a orientação de Jair Bolsonaro para as pessoas voltarem à “vida normal”.
“Vamos fazer uma grande carreata e voltar a trabalhar normalmente na segunda-feira”, comentou um dos integrantes do grupo.
Anticomunismo e homofobia
Segundo os integrantes do grupo de “UNIDOS PELO BRASIL”, criado na última quinta-feira (26), o isolamento social e a restrição de funcionamento do comércio fazem parte de um plano dos governadores para prejudicar a economia e, com isso, inviabilizar o governo Bolsonaro.
Ataques aos “comunistas” e posts dos porta-vozes da extrema-direita não faltam no grupo “UNIDOS PELO BRASIL”.
Num dos áudios publicados no grupo, Flávio Dino é chamado de “presidente da parada gay de 2022” e de “bichona”. Ouça abaixo.
