Caio Coppola usou programa da CNN para fazer merchandising de candidato a governador pelo Novo para o qual trabalhou em 2018

O comentarista político Caio de Arruda Miranda, conhecido como Caio Coppola, usou o seu espaço no programa “O grande debate”, da CNN Brasil, na segunda-feira (6), para fazer merchandising do consultor de empresas Mateus Bandeira, que foi candidato do partido Novo ao governo do Rio Grande do Sul em 2018.

Logo na sua primeira fala no debate, o comentarista citou frase de Mateus Bandeira e referiu-se a ele como “um renomado consultor de empresas”.

No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) consta que a empresa “Caio de Arruda Miranda Marketing” recebeu R$ R$67.918,31 da campanha de Bandeira em 2018.

A mesma empresa trabalhou para outras quatro campanhas do partido Novo, inclusive para o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e para o candidato ao governo do Distrito Federal, Alexandre Freire Guerra. Ao todo, a firma recebeu, oficialmente, R$ 290.347,93 nas campanhas eleitorais de 2018. O maior valor veio do deputado federal Vinícius Poit (Novo-SP), que desembolsou R$ 155.929,62 pelos serviços da agência do contratado da CNN Brasil.

Mateus Bandeira presidiu o Banrisul (2010/2011) e obteve 200.877 votos (3,36%) na eleição ao Palácio Piratini. Em abril de 2019, o consultor anunciou a desfiliação da legenda, alegando que “a realidade interna do Novo foi se mostrando diferente do que propagava publicamente”.

Numa publicação de janeiro de 2019 no seu Facebook, Bandeira exalta de forma efusiva o trabalho de Coppola na Jovem Pan. Para o consultor, Coppola “mais uma vez deu show no programa da Jovem Pan” e “os colegas de bancada do Jovem Pan Morning Show, inclusive o apresentador, estão profundamente incomodados com o sucesso incontestável, profissionalismo e preparo do Caio”.

Violação ética

Para Laurindo Leal Lalo Filho, professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), o merchandising de Coppola configura uma grave violação ética do trabalho jornalístico.

“Isso é uma quebra de decoro na área da informação, porque ele escondeu do público as relações privadas que tem com uma ‘fonte’ que ele mencionou”, avalia Lalo Filho, que é especialista em jornalismo de televisão e tem vários livros publicados sobre o assunto.

“Do ponto de vista ético, isso é motivo suficiente para ele ser excluído dos quadros do programa, pois ficou claro que ele não tem idoneidade para emitir opiniões para o público. Imagine o estardalhaço que fariam se isso ocorresse com um comentarista de esquerda”, complementa o professor.

Assista ao vídeo com o comentário de Coppola e a sua relação com Bandeira e o partido Novo.

Rogério Tomaz Jr. – Jornalista, responsável pelo site www.rogeriotomaz.com

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