Uma das obras mais influentes da literatura na América Latina vai virar filme da Netflix. “Pedro Páramo”, do ícone mexicano Juan Rulfo, tem duas versões cinematográficas, de 1967 e 1976, facilmente encontradas na Internet, e agora vai ganhar vida na plataforma de streaming mais acessada do mundo.
O pequeno romance de Rulfo é um emblema do realismo mágico e teve forte impacto em nomes como Gabriel García Márquez, Júlio Cortázar, Jorge Luis Borges, Mario Benedetti, Eduardo Galeano, Susan Sontag, entre tantos outros, sobretudo da América Latina.
O escolhido pela Netflix para conduzir a tarefa é o diretor de fotografia mexicano Rodrigo Prieto, que acumula vários trabalhos com consagrados diretores como Alejandro González Iñárritu, Pedro Almodóvar, Spike Lee, Martin Scorcese e Oliver Stone, para não estender muito a lista.
As filmagens devem começar no final do ano e a estreia virá em algum momento de 2023, mas ainda não informado oficialmente pela Netflix.
Invulnerável
A obra de Rulfo consiste basicamente em uma coletânea de contos (“Chão em chamas”) publicada em 1953; e o romance curto “Pedro Páramo”, que saiu em 1955 e é apontado como um dos mais importantes da literatura mundial no século XX. É possível acrescentar ainda “O galo de ouro”, que originalmente foi o roteiro de um filme homônimo lançado em 1964 e acabou sendo publicado como romance em 1980.
Eric Nepomuceno, amigo e tradutor de Rulfo para o Brasil, explica assim a escassez da escrita do mexicano: “Seus dois livros já eram suficientes para que nunca mais nada fosse igual na literatura contemporânea da América. O que ele havia dito antes já foi suficiente para permanecer valendo a pena para sempre”, escreveu Nepomuceno num prefácio para “Pedro Páramo”, no qual se refere às duas obras de Rulfo como “invulneráveis”.
García Márquez e Borges tinham “Pedro Páramo” entre suas leituras favoritas e o colombiano contava que leu a obra numa sentada só e que ela o ajudou a superar um momento de bloqueio criativo.
PS: O autor dessa matéria repetiu a experiência de Gabo e devorou o livro numa madrugada e secando duas garrafas de vinho – com algumas doses de rum a cada tanto.
Fonte: El Universal (México)